POR MÁRIO SÉRGIO CRUZ
O senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou a nova diretriz curricular das escolas estaduais de tempo integral em São Paulo. As mudanças, noticiadas terça e quarta-feira (22 e 23) pelo jornal O Estado de S. Paulo, afetam principalmente as crianças do 1º ao 3º ano do ensino fundamental. Os alunos não frequentarão aulas expositivas de Ciências, Geografia e História, já que, segundo a Secretaria Estadual de Educação, o conteúdo é incorporando nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Educação Física e Arte.
"Eu, pessoalmente, resisto à ideia de aplicar essas matérias apenas em aulas interdisciplinares. A profundidade da abordagem que um professor de História tem para tratar um tema não é a mesma de um professor de Português numa aula de interpretação de texto", argumentou o senador a Terra Magazine.
"Não se pode transformar as crianças em cobaias de experiências pedagógicas. Mesmo que consigam melhorar o desempenho em Português e Matemática, estão deixando de aprender outras coisas. Elas precisam de uma alternância de disciplinas", completou.
Cristovam Buarque, que comandou por um ano (entre 2003 e 2004) a pasta da Educação durante o governo Lula, ainda apresenta uma alternativa ao modelo: "Há mais de 30 anos que defendo o ensino interdisciplinar nas escolas, porém, mantendo os departamentos de cada disciplina e criando núcleos temáticos e não por área do conhecimento".
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo informou que as escolas têm autonomia para seguir ou não a grade proposta e garantiu que os alunos não serão prejudicados.
Além da interdisciplinaridade, diz a Secretaria, os estudantes receberão oficinas temáticas de Língua Estrangeira, Atividades Artísticas, Atividades Esportivas e Motoras, Qualidade de Vida, Educação em Direitos Humanos, Tecnologia e Sociedade durante todo o ano letivo.
"Acho excelente a aplicação dessas oficinas desde que sejam usadas como complemento do que é visto em sala de aula e não como uma alternativa à maneira habitual. Não se pode brincar com essas crianças", concluiu o senador.
Matéria de Terre Magazine
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