Mais
de 50 presos foram mortos após uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio
Jobim, em Manaus
A selvageria da
rebelião que deixou 56 detidos mortos - decapitados e mutilados - no Compaj
(Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, foi notícia no mundo inteiro.
A razão do motim, que começou na noite do domingo (1°), foi a disputa entre
duas facções rivais (Família do Norte e Primeiro Comando da Capital) pelo
comando do tráfico de drogas na região. As críticas ao sistema penitenciário
brasileiro são uma constante nos textos dos jornais estrangeiros. As
informações são da Rádio França Internacional.
A reportagem do jornal
italiano La Reppublica, assinada pelo
correspondente Daniele Mastrogiacomo, começa descrevendo como se iniciou a
rebelião “no coração da floresta amazônica”: “Alguns presos dominaram os
guardas nos corredores e os amarraram. Outros reviraram as celas e o
refeitório, pegando todas as armas que podiam encontrar: pistolas, fuzis,
facas, pás e barras de ferro”. E completa: "Foram 17 horas de horror e
violência".
Segundo a publicação, o
presídio, o maior de Manaus, é considerado um dos mais duros do Brasil.
"As condições de vida dos presos são desumanas", escreve.
O jornal francês Le Monde diz que, durante as
negociações, os prisioneiros não exigiram praticamente nada, “apenas que não
houvesse excesso por parte da polícia quando entrasse no local”. “Achamos que
eles já tinham conseguido o que eles queriam, matar os membros da organização
rival”, disse Sergio Fontes, secretário de Segurança Pública do Amazonas.
Segundo o diário,
"as rebeliões são frequentes nas prisões do Brasil, cuja superlotação é
regularmente denunciada por organizações de defesa dos direitos humanos".
O jornal espanhol El País lembra que a Região Norte é
fundamental para o tráfico internacional de drogas, pois as principais rotas de
venda passam por lá. “O Amazonas faz fronteira com grandes países produtores de
cocaína, como Peru, Colômbia e Venezuela. Por isso, o controle das prisões
locais estabelece o poder sobre essa atividade”, escreve.
Já o texto do diário
inglês The Guardian destaca que um
vídeo publicado no site do jornal brasileiro Em Tempo mostra dezenas de cadáveres sangrentos e mutilados,
amontoados no chão da prisão. O artigo classifica as condições nos presídios
brasileiros de “terríveis”.
"Nunca
vi nada parecido"
O New York Times traz a declaração do juiz Luís Carlos Valois, que
participou diretamente da negociação com os rebelados. “Nunca vi nada parecido
na minha vida. Havia muitos corpos, a maioria desmembrados”, disse. O jornal
lembra que o presídio acomodava 1.200 presos, o triplo da sua capacidade.
A reportagem diz que o
massacre tem sido comparado ao do Carandiru, em São Paulo, no qual policiais
mataram 111 presos. “Uma Corte de apelação anulou recentemente a condenação de
73 policiais pela participação no massacre, o que provocou a crítica de grupos
pelos direitos humanos”, diz o jornal.
O New York Times lembra ainda que, desde esse episódio, as
autoridades brasileiras prometeram acabar com a superlotação e combater as
gangues nos presídios. “Mas o aumento das prisões por pequenos delitos
relacionados com o tráfico inchou o sistema penitenciário, e rebeliões
continuam acontecendo em todo o país.”
(Fonte: Notícias ao Minuto / Agência Brasil)
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