Segundo
relatório enviado ao TSE, parte significativa de valores usados no pagamento de
gráficas foi desviada para ‘benefício próprio’ de pessoas e empresas
A Polícia Federal
encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um relatório em que afirma ter
detectado irregularidades em repasses a fornecedoras da campanha da chapa
composta pela ex-presidente Dilma Rousseff e o presidente Michel Temer em 2014.
O relatório foi apresentado ao ministro Herman Benjamin, relator no TSE da Ação
de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pelo PSDB e que pode, em
última instância, cassar o mandato presidencial de Temer.
Segundo a PF, a análise
dos repasses a três gráficas – VTPB, Focal e Rede Seg – mostra que “parte
significativa dos valores oficialmente apresentados como destinados ao
pagamento de serviços gráficos em prol de campanha de candidato à Presidência
da República em 2014 não foi, de fato, direcionado a essa atividade”. Em
dezembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na sede das empresas.
A Focal, por exemplo,
recebeu cerca de 24 milhões de reais e já foi alvo da Operação Lava Jato.
Segunda maior fornecedora da campanha petista em 2014, a empresa pertence a
Carlos Roberto Cortegoso, empresário investigado pela PF e o Ministério Público
Federal na Operação Custo Brasil, em que é réu por suposta ocultação de
propinas.
Segundo um laudo
pericial contábil do TSE, a empresa teria recebido 3,2 milhões de reais de
forma irregular da campanha presidencial de 2014 e pode ter sido usada para
desvios de recursos eleitorais.
No relatório remetido
ao TSE, os investigadores reafirmam a hipótese de que os valores destinados a
estas fornecedoras foram, na verdade, “desviados e direcionados a pessoas
físicas e jurídicas diversas para benefício próprio ou de terceiros”.
De acordo com a PF, a
conclusão da investigação pode responsabilizar criminalmente os envolvidos nas
operações. O relatório afirma que há “elementos objetivos que apontam para a
interposição de pessoas com a finalidade de ocultar ou dissimular a natureza,
origem, disposição, localização, movimentação ou propriedade de bens e
valores”.
Em dezembro, a Polícia
Federal, a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf) já haviam encaminhado ao TSE um laudo em que apontam indícios de “desvio
de finalidade” dos recursos da chapa. O Ministério Público Eleitoral também
analisou o relatório e apontou a existência de indícios de “fortes traços de
fraude e desvio de recursos” da campanha.
De acordo com os
peritos, a chapa Dilma-Temer não conseguiu demonstrar a prestação de serviços
de gráficas supostamente contratadas pela chapa presidencial que venceu as
eleições de 2014. Um primeiro laudo contábil já havia sido apresentado no
processo – as defesas de Dilma e Temer afirmavam que as gráficas existem de
fato e não são de fachada.
(Fonte: Veja)
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