Procuradores da Lava
Jato protocolaram documentos no processo sobre o apartamento tríplex de Guarujá
(SP) que contradizem declaração dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em seu depoimento ao juiz Sergio Moro, na última quarta (10).
No interrogatório, Lula
disse que desconhecia ilegalidades na estatal e afirmou que um presidente da
República "não tem reunião específica com diretor" da Petrobras,
mencionando duas exceções durante seu governo.
O Ministério Público
Federal, porém, anexou no processo agendas que mostram ao menos 23 reuniões e
viagens de Lula com diretores da estatal em seus dois mandatos, incluindo Paulo
Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada - todos já condenados em processos da
operação.
"Nos oito anos que
eu fiquei na Presidência da República, a gente não tem reunião com a diretoria
da Petrobras. Eu em oito anos tive dois momentos: quando nós descobrimos o
pré-sal para discutir o plano estratégico e para decidir, sabe, que a gente não
ia fazer leilão do pré-sal. Era até em uma viagem que eu ia para a
Argentina", disse Lula a Moro, ao ser questionado a respeito de Duque, que
ocupou a diretoria de Serviços da estatal.
Os documentos foram
fornecidos pela própria Petrobras, que é assistente da acusação no processo. As
agendas preveem Lula se reunindo para discutir temas pontuais, como uma de 2008
que tem como tema "propeno na Revap" (Refinaria Henrique Lage), em
São Paulo.
Além dos réus da Lava
Jato, também aparecem compromissos de Lula com outros ex-diretores da estatal,
como Graça Foster e Guilherme Estrella. Então ministra, a ex-presidente Dilma
Rousseff também é listada em agendas como participante. Paulo Roberto Costa,
primeiro delator da Lava Jato e primeiro ex-executivo da estatal a ser preso, é
o diretor que mais aparece em compromissos com o então presidente, incluindo
sete agendas em que não há menção a outros participantes.
Há referências, por
exemplo, a "jantar em Beijing [Pequim] com Lula", em 2009, ou um
encontro, no Palácio do Planalto, em 2006.
PRAZO
A tentativa da
Procuradoria de ligar Lula ao cotidiano da Petrobras faz parte da estratégia da
acusação de afirmar que a OAS pagou propina ao petista, incluindo o tríplex, em
troca de benefícios em contrato da estatal. No documento de denúncia, o
Ministério Público chama Lula de "comandante da estrutura criminosa"
na companhia.
Lula chegou a declarar
no depoimento que nenhum presidente "foi mais à Petrobras" que ele.
Depois, no entanto, disse que o mandatário não integra o "dia a dia ou mês
a mês" da estatal. "Ele participa de raríssimas reuniões e eu falei
de duas que participei", reafirmou Lula.
Ao anexar as agendas,
em petição na segunda-feira (15), o Ministério Público Federal não deu
detalhes. No dia do depoimento, Moro havia dado um prazo de cinco dias para a
inclusão de documentos no processo, que está entrando nas últimas etapas antes
da sentença.
A reportagem procurou a
defesa do ex-presidente, que não respondeu até as 20h.
(Fonte: Notícias ao Minuto / Folhapress)
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