Nelson, 25 anos, funcionário
público, morador de uma pacata cidade do interior, absorto e inquieto, foi
abduzido pelo casamento ainda na tenra adolescência. Apesar de ser nutrido pelo
espírito livre, cedeu à persuasão
insana dos pais e afogou-se no matrimônio. Elza é uma boa esposa; de vez em
quando, era acometida por picos incontroláveis de ciúme. Nelson tinha carinho e
respeito por ela, mas não sentia aquele amor incondicional que se fala por aí.
Queixava-se com os amigos: “não tive
adolescência!” A vida de casado o deixara entediado. Reclamava: “não aguento mais! Toda vez que saio tenho
que dar satisfação. Para onde vou? Com quem vou? Que horas vou voltar?” Lá
no fundo, Nelson sentia inveja dos amigos solteiros que gozavam da plena
liberdade. Desabafava: “praticamente,
casei com a primeira mulher que apareceu na minha frente. Estou estressado! Não
aguento mais dormir e acordar com a mesma mulher todos os dias.”
Os 25 anos de existência não apagaram a energia juvenil no coração de
Nelson. Sonhava com a liberdade. Imaginava mil e uma mulheres lhe beijando.
Estava cansado daquela vidinha previsível: casa, trabalho, trabalho, casa.
Porém, a semente do adultério ainda não brotou na sua mente.
O casal não tinha filho. Elza
argumentava que não estava preparada para ser mãe. Ademais, a ideia de
paternidade nunca esteve na pauta de prioridades de Nelson; o tédio que o
torturava foi quebrado por uma visita inesperada.
Aninha foi passar as férias na casa da tia Elza. Adolescente na flor da
idade, moreninha, corpinho esbelto, cabelos pretos e curtos, aparentemente
tímida...
– Ela é a minha sobrinha mais nova, filha de Dalva; vai ficar aqui em
casa nesse período de férias escolares. Aninha, não fique envergonhada. Cumprimente
o tio.
Bastante acanhada, Aninha estendeu a mão para Nelson, que retribuiu o
gesto:
– Aninha, seja bem-vinda!
– Obrigada.
– Aninha, você vai ficar naquele quarto – apontou Elza.
Nos três dias subsequentes, não houve mudança no estado de ânimo de
Nelson. O marasmo continuava a irrigar sua vida. Todavia, no quarto dia, tudo
mudou. Aninha começou a usar roupas curtas: blusas e shorts que delineavam o
atraente corpinho. A priori, Nelson nem prestava atenção, até que, presenciou
Aninha deitada no sofá assistindo televisão. Nelson foi vaporizado por aquela
cena. Mente agitada. O instinto sexual o sacudiu.
– Tio Nelson, sente aqui. Venha assistir TV comigo! Tia Elza foi ao
mercado – Aninha falou cada palavra com muita sensualidade.
Estático e meio desconcertado, Nelson não sabia como responder. Falou a
primeira frase que veio na cabeça.
– Agora não posso.
– Por quê?
– Porque não – respondeu Nelson com pouca convicção.
Naquela noite, Nelson teve uma terrível insônia. Não conseguia parar de
pensar em Aninha. Tomou um chá de camomila e pegou no sono na alta madrugada. O
sol raiou. Elza dormia. Nelson levantou e foi tomar banho. Ao passar pelo
corredor, a porta do quarto de Aninha estava entreaberta. Subitamente, ele
parou e não acreditou no que viu. Aninha estava em pé, apenas de calcinha,
fazendo poses para o espelho. O coração de Nelson acelerou. As pernas ficaram
trêmulas. Desistiu do banho matutino e foi direto para o trabalho.
Os colegas de funcionalismo público foram unânimes ao comentar: “você está no ‘mundo da lua’ hoje. Aconteceu
alguma coisa?” Nelson respondia com o silêncio. A surpreendente cena da
manhã estava mui vívida. Ele não parava de pensar nos seios pequenos e pontiagudos
de Aninha. Quando estava em casa, longe dos olhares de Elza, Aninha sempre dava
um jeito de provocá-lo. O jogo de sedução da lasciva adolescente o colocou num
turbilhão de dúvidas, moralismo e apetite sexual. Nelson não sabia até quando
suportaria tudo isso. Falava consigo mesmo: “Meu
Deus! Dai-me força! Preciso aguentar.”
Neste ínterim, Elza matriculou-se num curso profissionalizante. No final
da tarde, quatro vezes por semana, ela ia para o curso, justamente no horário
que Nelson chegava do trabalho. No primeiro dia, Aninha o recebeu; para sua
surpresa, a lasciva adolescente cessou o jogo de sedução. Nelson sentiu falta;
ficou meio frustrado. Questionava: “logo
hoje que estamos sozinhos. Ela não fez nada.” Preocupado e pensativo, Nelson
não conseguia dormir. O mundo caiu. Ele imaginava incontáveis fantasias com
Aninha. Concluiu: “tudo foi uma ilusão.”
O dia de trabalho foi péssimo. Nelson tomou o rumo de casa. No caminho,
parou no bar para tomar uma cerveja. Sem expectativa, bateu na porta. Ele nem
imaginava o que viria pela frente...
Apenas de toalha, Aninha abriu a porta e falou de forma pausada e
sensual:
– Sou todinha tua.
– Menina, venha cá! Você vai ver!
Nelson pegou na cintura de Aninha e a levou até a parede. Beijou-a
loucamente. Língua no pescoço e nas orelhas. Toalha ao chão. Ela estava nua.
Nelson pegou a adolescente no colo, levou-a ao sofá e disparou milhões de
beijos no corpinho esbelto. Em seguida...
Aninha foi embora. Nelson foi feliz naqueles dias. Sentiu novamente nas
suas entranhas o vigor da vida. A energia adolescente regressou ao seu corpo.
Ele poderia ficar deprimido com a partida da lasciva sobrinha da esposa, mas
ficou sereno, pois tinha uma visão estoica sobre a vida. Sem Aninha, voltará ao
velho tédio da vida de casado. Lembrou duma frase que um amigo lhe falara: “quando se é feliz por um dia, é o mesmo que
viver um ano.” Esta frase lhe concedeu força e alento. O que Nelson podia fazer? Nada! Somente rezar e rezar para que
Aninha retorne nas próximas férias escolares.
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