Presidente viu ‘quebra de confiança’, Bebianno expôs conversas para mídia
Fonte: PODER360 /edição Outro Olhar Amargosa
Continua envenenada a relação entre Jair Bolsonaro e seu ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
No final da tarde desta 6ª feira os 2 tiveram uma conversa dura. Houve insultos. Bebianno não aceitou uma proposta para ser deslocado para outro posto, de hierarquia inferior.
A ordem de demissão do ministro está pronta. Pode ser publicada no Diário Oficial da União na 2ª feira (18.fev.2019). A decisão cabe apenas a Bolsonaro. Interlocutores ouvidos pelo Poder360 acham que o presidente está propenso a dispensar o assessor.
Mas este episódio teve várias reviravoltas nos últimos dias. Nesta 6ª feira pela manhã o presidente praticamente havia aceitado manter Bebianno como ministro.
Depois do almoço, entretanto, ao saber detalhes de vazamentos de áudios que compartilhou com Bebianno, o presidente se irritou e decidiu contar a história completa para todos os seus ministros que estavam em Brasília. Disse ter havido “quebra de confiança”. Ninguém discordou.
O Drive, newsletter do Poder360 para assinantes, publicou na 5ª feira (14.fev.2019) o relato sobre o vazamento de 1 desses áudios. Nesta 6ª feira, a informação foi divulgada pelos sites O Antagonista e Veja.
O ato final desta 6ª feira foi uma conversa duríssima entre Bolsonaro e Bebianno. A indicação é de demissão do ministro. Mas há muitos políticos profissionais atuando para tentar evitar esse rompimento.
Os políticos e alguns militares apresentam duas razões principais para Bebianno ficar como ministro da Secretaria Geral da Presidência:
- Homem bomba – Bebianno sabe tudo da campanha de 2018. Conhece cada milímetro das decisões tomadas. Se for demitido, não importa se falar a verdade ou não. Tudo terá verossimilhança;
- Congresso desarranjado – o ministro fez relações. Apoiou Rodrigo Maia. Tem conexões. Se for defenestrado por causa de 1 tweet de Carlos Bolsonaro, o efeito será demolidor para a confiança que está sendo construída entre Planalto e Congresso.
O Poder360 apurou que nas próximas 48 horas haverá muita pressão a favor e contra a demissão de Bebianno.
CRONOLOGIA DA 6ª FEIRA
Eis os fatos mais relevantes sobre o caso Bebianno nesta 6ª feira (15.fev.2019):
- Alvorada pela manhã – o presidente relutou, mas foi convencido a pensar numa solução para pacificar a relação com Gustavo Bebiano. Participaram, entre outros, os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Santos Cruz (Secretaria Geral) e a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP);
- Almoço no Planalto – Bebianno em almoço com Onyx, Santos Cruz e Joice é convencido a baixar o tom e aguardar uma solução para sua permanência no governo;
- Áudios vazados – o conteúdo de gravações de mensagens do presidente para Bebianno começaram a aparecer na mídia. Por exemplo, uma sobre o cancelamento de reunião entre o ministro da Secretaria Geral e 1 diretor do Grupo Globo. Outra comentando publicação no site O Antagonista. Jair Bolsonaro ficou irritado e foi até o Palácio do Planalto e chamou todos os ministros que estavam em Brasília para uma conversa;
- Consulta a ministros – o presidente relatou o episódio envolvendo Bebianno. Disse considerar ter havido quebra de confiança pela divulgação de áudios que deveriam ser privados. Perguntou se todos os ministros concordavam com essa avaliação. Não houve contestações;
- Reunião com Bebianno – já no final da tarde de 6ª feira, Bolsonaro recebeu o ministro da Secretaria Geral no Planalto. Disse que a situação estava ruim e ofereceu alguma outra posição para Bebianno, como o comando de uma empresa estatal. A conversa foi rígida. O ministro não aceitou. Houve insultos. Bebianno saiu certo de que será demitido e disse que não ficará calado.
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