quinta-feira, 27 de junho de 2019

SÃO JOÃO DE AMARGOSA 2019 - POR TOSTA NETO

Há tempos, o São João de Amargosa se consolidou como um dos principais eventos do calendário junino da Bahia. Ao longo do ano, a amarga cidade fica distante dos holofotes, porém, em míseros 4 ou 5 dias, sua existência é evidenciada. Quando se fala de Amargosa em outras cidades, a resposta mais corriqueira que se ouve é essa: “o São João de lá é famoso”. Pois é, suscita-se a sensação que a única coisa que Amargosa tem para mostrar é o bendito São João.
Apesar de ser um evento coadunado à Indústria Cultural, o São João pode ser considerado um patrimônio imaterial de Amargosa. Todavia, não podemos afirmar que nossa amarga cidade tem um caso de amor com o forró; eis os fatos: ausência de concurso de sanfoneiros e parca composição de músicas. Ademais, é um retumbante exagero achar que Amargosa tem o melhor São João do Brasil. Talvez nem seja o melhor da Bahia. Antes, era preciso efetuar uma reflexão sobre o conceito de “melhor”.
Neste ano, o São João apresentou uma organização de excelência: estrutura de segurança que concedeu tranquilidade aos visitantes, distribuição estratégica das barracas de comidas e bebidas, por fim, a “cereja do bolo”, a “Joia da Coroa”, o imponente palco com projeção de imagens, efeito estético que antes mesmo do princípio dos festejos joaninos, virou febre nas redes sociais. Destaca-se também, a transmissão pela TVE, canal estatal de televisão. É válido enfatizar que, independentemente do grupo político que esteja no poder, é oportuno o registro da TVE, porque é inconteste a força do São João de Amargosa, que ano após ano, é um dos roteiros turísticos mais procurados do estado da Bahia.
Por ora, façamos uma análise sobre a grade de atrações do palco principal. Foi perceptível um número maior de artistas ligados ao forró, como Targino Gondim, Estakazero, Del Feliz, Dorgival Dantas e Chambinho. Normalmente, as cidades que organizam grandes espetáculos juninos, guarnecem a presença de “artistas” do famosíssimo sertanejo universitário, que de universitário não tem nada. É uma tortura ficar a noite toda a ouvir o tal do sertanejo universitário. Aproveitando o ensejo, agradeço (percepção particular do autor que vos escreve) à organização do São João por não ter contratado o chato do Danniel Vieira. Por conseguinte, o São João é tradição, é o momento do forró, baião, xote e xaxado. Mas, a Indústria Cultural quer transformar a principal festa da região Nordeste em uma micareta, inflando-a com “artistas” que primam por um repertório de sertanejo universitário, arrocha, funk e pagode. São João é tradição! São João é Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro...
Indubitavelmente, fora do período junino, o forró em Amargosa cai no ostracismo, aflorando somente no São João, fenômeno que acontece também em outras cidades. Mesmo seguindo a linha da Indústria Cultural, o São João amargosense tem muitos aspectos positivos, entre os quais, o aumento exacerbado do fluxo comercial, geração de vagas temporárias de emprego, espaço para apresentação de artistas locais e a elevação da demanda no setor de restaurantes e hotelaria. Enfim, todos os anos, o São João de Amargosa é um evento bem-sucedido, configurando-se como um patrimônio do povo da nossa amarga e querida cidade.

Tosta Neto, 26/06/2019  
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