Em meados de março, o grupo, coordenado pelo físico Marcelo Ferreira da Costa Gomes, especialista em modelos de propagação de doenças, havia divulgado uma projeção de como o vírus se comportaria em uma fase inicial da epidemia. No primeiro trabalho, os pesquisadores analisaram o fluxo aéreo de pessoas que partiam do Rio de Janeiro e de São Paulo, as duas primeiras cidades a apresentaram transmissão sustentada, para outras capitais e municípios de grande porte. Também consideraram a movimentação de pessoas por via terrestre entre os grandes municípios, em que trabalham ou estudam, e os municípios menores, nos quais residem. Concluíram que, além de São Paulo e do Rio, outras sete capitais (Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Brasília, Recife e Salvador) e os municípios do Vale do Paraíba teriam transmissão do vírus.
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“Acreditamos estar na iminência da segunda onda, porque os centros urbanos que tinham alta probabilidade de ter transmissão do vírus já estão apresentando casos de Covid-19”, relatou Gomes, da Fiocruz, por mensagem de Whatsapp, em 26 de março. No dia seguinte, o Brasil registrou 3.417 casos da infecção e 92 mortes. Além de São Paulo e do Rio, os mais afetados pela epidemia, outros sete estados acumulavam mais de 100 casos, quase sempre nas capitais.
Na segunda fase da epidemia, o risco de casos importados de outros países estabelecerem novos focos de transmissão continua a existir, mas ganha importância a dispersão regional, nos municípios mais conectados por via terrestre às capitais em que a transmissão já está estabelecida. Segundo os pesquisadores, nesse segundo momento prevê-se a disseminação para os municípios litorâneos de uma faixa que vai de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Salvador, na Bahia, e nos municípios vizinhos das capitais na Paraíba, em Pernambuco e no Ceará (o terceiro estado com mais casos, 282, em 27 de março, segundo o Ministério da Saúde), além do entorno de Cuiabá, em Mato Grosso; de Goiânia, em Goiás; de Brasília, no Distrito Federal; e de Foz do Iguaçu, no Paraná (ver mapa). A dispersão por toda essa área pode ser mais rápida ou mais lenta, a depender da adoção de medidas de distanciamento e isolamento social e de quanto elas se mostrem eficazes.
Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
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