quarta-feira, 10 de junho de 2020

COMO REDUZIR RISCO DE PEGAR COVID-19 AO COMER FORA: CONSELHOS DE UM ESPECIALISTA

bar ambiente externo
Quando restaurantes e bares reabrirem ao público, é importante perceber que comer fora aumentará o risco de exposição ao novo coronavírus.
Duas das medidas de saúde pública mais importantes para reduzir ao mínimo as doenças são quase impossíveis nessas situações. A primeira delas é que o ato de comer ou beber não combina com a máscara facial. E a segunda é que o distanciamento social se torna impraticável em espaços apertados, normalmente repletos de assentos e de funcionários zanzando entre as mesas a noite toda.
Então, como você e o restaurante podem reduzir os riscos? Aqui estão as respostas para perguntas comuns.
Qual é a melhor distância entre as mesas e os assentos?
Não há nada mágico a respeito dos dois metros de distância, o número que ouvimos frequentemente em orientações formais de agências governamentais. Eu consideraria a distância mínima necessária para um espaçamento seguro.
A regra dos dois metros (ou ainda dos "seis pés", que equivalem a 1,82 m) é baseada em dados antigos sobre a distância em que as gotas podem espalhar vírus respiratórios. As gotículas tendem a se estabilizar no ar a 1,80m, mas nem sempre é esse o caso. Os aerossóis podem espalhar o vírus por distâncias maiores, embora ainda haja alguma incerteza sobre a frequência dessa propagação. Partículas geradas por espirros ou por alguém correndo podem percorrer até 10 metros.
Foi demonstrado que falar sozinho gera gotículas respiratórias que podem ser infecciosas.
Se o local for fechado, como um restaurante, e tiver um ventilador ou corrente de ar gerada em um espaço fechado, as partículas também viajarão mais longe. Isso foi mostrado em um estudo da China: pessoas que estavam a mais de 1,80m de outra pessoa infectada pelo vírus foram contaminadas por causa do vento que vinha na direção delas.
Quanto mais próxima a distância, maior a exposição ao vírus. E quanto maior o tempo de exposição a uma pessoa infectada, também, mesmo a mais de dois metros.
Máscaras nos atendentes são suficientes?
Se os garçons e atendentes usarem máscaras, isso proporcionará uma camada de proteção, mas os clientes que comem e conversam ainda podem espalhar o vírus.
Uma maneira de atenuar esse risco nessa situação imperfeita, pelo menos do ponto de vista da saúde pública, seria ter mesas cercadas por barreiras protetoras, como plexiglás ou telas, ou colocar mesas em salas separadas com portas que podem ser fechadas. Alguns estados estão incentivando restaurantes a destacar um atendente exclusivo para cada mesa.
Danny Meyer, CEO do Union Square Hospitality Group, diz que o setor de restaurantes está enfrentando um "caminho difícil" para se recuperar da pandemia. Ele disse a Poppy Harlow, da CNN, que o retorno a uma refeição fora de casa segura "não será tão rápido como desligar e ligar um interruptor de luz".
Os restaurantes também podem rastrear os clientes antes da entrada, com verificações de temperatura ou perguntas sobre sintomas e seus contatos próximos com qualquer pessoa recentemente diagnosticada com Covid-19. É controverso, mas algo que foi tentado por restaurantes da Califórnia. O estado de Washington tentou exigir que os restaurantes registrassem as informações de contato dos visitantes caso um surto fosse descoberto, mas recuou e deixou isso apenas como recomendação.
É mais fácil rastrear funcionários. De fato, as diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA recomendam que os restaurantes façam a triagem dos funcionários antes de reabrir. No entanto, embora a triagem dos funcionários para uma possível infecção possa diminuir o risco, é importante lembrar que as pessoas podem estar infecciosas seis dias antes de desenvolverem sintomas. É por isso que máscaras, proteção para os olhos, distanciamento social e higiene das mãos são medidas fundamentais para prevenir a infecção.
Devo pedir utensílios descartáveis e limpar tudo?
A lavagem regular de pratos, copos e utensílios de cozinha, e a lavagem de guardanapos e toalhas de mesa, desativarão o vírus. Não há necessidade de descartáveis aqui.
A mesa também deve ser limpa e desinfetada entre os usos e marcada como higienizada.
Os cardápios são um pouco mais problemáticos, dependendo do material. Cardápios de plástico podem ser desinfetados. Menus descartáveis seriam mais adequados. Lembre-se: mesmo que você toque uma superfície com o vírus, estará seguro desde que não toque a boca, nariz ou olhos. Portanto, em caso de dúvida, lave as mãos ou use álcool em gel nas mãos.
Posso pegar o vírus da comida na cozinha?
O risco de se infectar com o novo coronavírus por meio dos alimentos é muito baixo.
Este é um vírus respiratório cujo principal modo de infecção é acessar o trato respiratório superior ou inferior por meio de gotículas ou aerossóis que entram na boca, nariz ou olhos. Ele não causa a infecção através do estômago ou do trato intestinal – precisa entrar no trato respiratório para isso.
O vírus também não é muito estável no ambiente. Estudos mostraram que ele perde metade de sua concentração viral após menos de uma hora em cobre, de três horas e meia em papelão e pouco menos de sete horas em plástico. Se os alimentos forem contaminados durante a preparação, a temperatura de cozimento provavelmente desativaria muito, senão todo o vírus.
O uso de máscaras e a manutenção de uma boa higiene das mãos pelos cozinheiros e auxiliares devem reduzir significativamente o risco de contaminação dos alimentos.
Mesas ao ar livre ou drive-thru são mais seguros?
Pessoas vulneráveis podem querer deixar de lado as opções de fazer uma refeição em restaurante, preferindo levar a refeição para casa ou, talvez, usar mesas ao ar livre.
Janelas de acesso para os carros no drive-thru ou nos balcões são provavelmente as opções mais seguras; a breve interação com uma pessoa quando todo mundo está usando máscaras é uma situação de menor risco.
No geral, a refeição ao ar livre é mais segura do que em ambiente fechado, devido ao maior volume de ar. Manter a proteção dos olhos com óculos e colocar a máscara entre mordidas e goles diminuiria ainda mais o risco.
*Thomas A. Russo é professor e chefe de doenças infecciosas do Departamento de Medicina da Universidade de Buffalo, na Universidade Estadual de Nova York. Republicado sob uma licença Creative Commons do The Conversation

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