quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Essa é uma crítica sem spoilers, escrita no calor de quem acabou de sair da sessão de 007 - Sem Tempo Para Morrer. Daniel Craig diz adeus a James Bond após cinco filmes e 15 anos a serviço da Rainha da Inglaterra e da indústria do cinema. Cassino Royale (2006), Quantum of Solace (2008)Operação Skyfall (2012) e 007 Contra Spectre (2015) fizeram juntos perto de US$ 3,2 bilhões na bilheteria mundial. O mais viril e abrutalhado astro a personificar o agente secreto 007 fecha o ciclo aos 53 anos e une-se aos antecessores Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan.

007 - Sem Tempo Para Morrer

Os inúmeros adiamentos da estreia por conta da pandemia do coronavírus aumentaram as expectativas e a pressão sobre Cary Joji Fukunaga, o primeiro norte-americano a dirigir um longa da franquia. Dono de uma cinematografia eclética que vai do drama (Beasts of No Nation) ao romance de época (Jane Eyre), Fukunaga segue fiel ao estilo realista e orquestra sequências de ação espetaculares. Não faz mais que a obrigação. O longo prólogo de Sem Tempo Para Morrer é erguido pela emoção e divide-se em dois tempos focados em Madeleine (Léa Seydoux, Kursk – A Última Missão), a francesa que motivou o agente do MI6 a decretar a aposentadoria no filme anterior.

007 - Sem Tempo Para Morrer

São 2h43 minutos de duração, com pouco respiro. É de sua charmosa casa na Jamaica que Bond é escalado pelo amigo e agente da CIA Felix Leiter (Jeffrey Wright, O Pintassilgo) para ajudar na busca por um cientista desaparecido após ataque a um laboratório. Sim, o mau uso da tecnologia novamente dita as regras do jogo e coloca o mundo inteiro em perigo. Nada de novo no front narrativo. Além da ilha caribenha, locações na Itália, Noruega e Escócia garantem o tradicional tour turístico da série.

007 - Sem Tempo Para Morrer

A cubana Ana de Armas (Entre Facas e Segredos) estreia como Bond Girl em uma participação bem-humorada e movimentada, porém insignificante. Sua personagem é decorativa. Já a comentada entrada de Lashana Lynch (Capitã Marvel) como a substituta de Craig no posto de 007 deve frustrar as feministas radicais de plantão. Quem continua no topo da escala é James Bond. Ponto. Outra decepção é o vilão de Rami Malek (Bohemian Rhapsody), o deformado Lyustsifer Safin (nome difícil...), uma figura mais patética do que amedrontadora.

007 - Sem Tempo Para Morrer

Se as novidades no elenco não empolgam, M (Ralph Fiennes, A Escavação), Q (Ben Whishaw, O Retorno de Mary Poppins) e Moneypenny (Naomie Harris, Beleza Oculta) continuam afiados. O enredo reserva boas surpresas e algumas reviravoltas. É inegável, porém, que Sem Tempo Para Morrer pende um tanto para a ação genérica. Com exceção do apoteótico e emocionante desfecho, falta à produção a robustez dramática com que o diretor Sam Mendes banhou Skyfall. Daniel Craig se retira com dignidade, missão cumprida e deixa saudades. Agora seguem as especulações de quem será o agente com licença para matar no 26º filme da franquia.

*OQVER

Ficha Técnica

Título: 007 - Sem Tempo Para Morrer/No Time to Die
Direção: Cary Joji Fukunaga
Duração: 163 minutos

País de Produção/Ano: Reino Unido/EUA, 2021
Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ana de Armas, Rami Malek, Lashana Lynch, Naomie Harris, Ben Whishaw, Christoph Waltz, Jeffrey Wright
Distribuição: Universal Pictures

0 comments:

CURTA!