Grandioso João
Batista, eis que este reles eu lírico se depara com o imenso desafio de
realizar uma meditação sobre ti. A priori, o que eu vier a escrever não
estará no nível de tua grandeza, assim como tu não estiveste à altura do Cordeiro
de Deus: “E proclamava: ‘Depois de mim, vem aquele que é mais forte do
que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das
sandálias’” (Mc 1,7). Notadamente, João Batista é um nome central na
história do cristianismo, pois preparou o caminho para Jesus Cristo, sendo considerado
o “precursor” e o “último dos profetas”. A propósito, as Sagradas Escrituras
têm várias passagens que atestam as pregações do Batista sobre o Filho
do Homem.
João, filho dos
idosos Zacarias e Isabel, casal de índole irrepreensível que seguia fielmente
os mandamentos do Senhor. Isabel, por ser estéril, não podia conceber, mas tal
condição foi revertida por Deus: “Disse-lhe, porém, o Anjo: ‘Não temas,
Zacarias, porque tua súplica foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará um
filho, ao qual porá o nome de João’” (Lc 1,13). João Batista teve uma vida
muito simples: vestia-se com pelos de camelo, alimentava-se de gafanhotos e mel
silvestre e percorria o deserto proclamando o batismo e o arrependimento dos
pecados. Sua simplicidade contrastava com uma personalidade forte e destemida,
desafiando alguns fariseus e reprovando o comportamento de Herodes por ter se
casado com Herodíades, ex-mulher de seu irmão Filipe.
A tradição nos sinaliza
um carinho especial de Jesus pelo seu primo João Batista. O vínculo entre os
dois se revelou desde o ventre: “Ora, quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito
Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e
bendito o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me
visite?’” (Lc 1,41-43). Por ora, Prezado Leitor, permita-me desviar um
pouco da reflexão hermenêutica, para que eu revele a ti, que na minha percepção,
a passagem acima é uma das mais lindas e sublimes da Bíblia Sagrada.
Regressemos à nossa meditação: categoricamente, a vida do Filho de Deus
não pode ser contada sem a presença do grandioso João Batista, o Santo
Precursor, o Profeta do Altíssimo, A Voz que clama no deserto...
Se não bastasse o
elo fortíssimo supracitado, o rebento de Isabel teve a honra de batizar Jesus. Reflitamos
sobre o significado deste ato: um mero mortal batizando o próprio Filho de
Deus; apenas João teve tamanha graça. Apesar desta prerrogativa tão
especialíssima, o Batista não abandonou a humildade: “É necessário que ele
cresça e eu diminua. Aquele que vem do alto está acima de todos; o que é da
terra é terrestre e fala como terrestre.” (Jo 3,30-31). João Batista não
tinha a mínima preocupação com o seu engrandecimento, porque desejava tão
somente testemunhar que Jesus é o Cordeiro de Deus que emancipa o ser
humano do pecado. Por conseguinte, propusemos aos indivíduos sedentos por fama
e regozijo pessoal que se inspirem no exemplo daquele que teve a dádiva de
batizar o Filho do Deus: “Nesse tempo, veio Jesus da Galileia ao
Jordão até João, a fim de ser batizado por ele. Mas João tentava dissuadi-lo,
dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’” (Mt
3,13-14).
Incontestavelmente,
o Batista testemunhou de forma fervorosa em prol de Jesus, vagando pelo deserto
e propagando o batismo como meio de remissão dos pecados, todavia, foi enfático
ao afirmar que o verdadeiro batismo, consumado através da intercessão do Espírito
Santo, só podia ser feito por Cristo. Ademais, recordemos que a Bíblia tem
diversos versículos que exaltam a grandeza de João Batista, haja vista a célebre
passagem do Evangelho de São Mateus: “Em verdade vos digo que, entre
os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista, e, no
entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele” (Mt 11,11). Ilustre
Leitor, uma vez mais, convido-te a refletir: o próprio Deus delineando a
grandeza de João Batista, logo, é explícita a aura de santidade subjacente no
filho de Zacarias. Não esqueçamos que Jesus associou João a Elias, este último,
um dos ícones mais proeminentes do Antigo Testamento que anunciaria o
advento do Messias.
Neste parágrafo
conclusivo, eu poderia engendrar uma explanação exclusiva sobre a morte de João
Batista, contudo, como é um tema que me deixa triste, serei deveras conciso
diante deste mote. Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, a pedido de sua
esposa Herodíades, autorizou a execução de João. Apesar dos pesares, Herodes
tinha um certo temor do Batista, graças a santidade implícita no Precursor:
“Herodíades então se voltou contra ele e queria matá-lo, mas não podia, pois
Herodes tinha medo de João e, sabendo que era homem justo e santo, o protegia.
E quando o ouvia, ficava muito confuso e o escutava com prazer” (Mc
6,19-20). Enfim, nos tempos da primeira vinda de Jesus, João Batista foi um
líder espiritual extremamente respeitado e reverenciado, do poderoso tetrarca
galileu, perpassando pelos fariseus e apóstolos até o Filho de Deus.
Grandioso João Batista, tu és um farol para a humanidade, pois anunciaste a Luz
que nos libertará dos tétricos grilhões do pecado: “Houve um homem enviado
por Deus. Seu nome era João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da
luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para
dar testemunho da luz” (Jo 1,6-8).
(Tosta Neto, 05/07/2025)
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