quinta-feira, 17 de julho de 2025

LULA VAI INSISTIR EM APOIO AO BRICS E NO CONFRONTO COM EUA APÓS LEVE ALTA NA POPULARIDADE

Pesquisas divulgadas nesta semana mostraram uma leve reação na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a taxação dos Estados Unidos aos produtos brasileiros e a aprovação de uma parte da sociedade à aproximação do Brasil ao bloco diplomático dos Brics. Neste cenário, integrantes do Palácio do Planalto devem intensificar as campanhas contra os norte-americanos e manter os acenos do petista aos países do Brics. Mas isso não vai garantir novas altas de popularidade, segundo analistas ouvidos pela reportagem.

Além disso, as sondagens indicaram que parte do eleitorado responsabiliza a atuação de Lula nos Brics (Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) pelas tarifas impostas por Donald Trump.

Para tentar manter o cenário de melhora na popularidade, uma das estratégias do PT é atrelar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade pela taxação anunciada por Trump contra o Brasil. Uma campanha de defesa da soberania feita pelo partido nas redes sociais por meio de inteligência artificial mostra o cachorro caramelo como um patrimônio nacional enquanto ilustra a família Bolsonaro como vira-lata. 

Nesta quarta-feira (16), um levantamento da Quaest mostrou que a desaprovação do petista caiu quatro pontos percentuais, indo de 57% para 53%, enquanto a aprovação cresceu três, indo de 40% para 43%, em comparação com a pesquisa de maio. A Quaest entrevistou 2.004 pessoas de forma presencial entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.  

Antes disso, na terça-feira (15), o levantamento da Atlas/Intel já havia apontado essa tendência de melhora na popularidade do petista ao registrar que 49,7% dos entrevistados aprovam o governo, ante 47,3% da pesquisa anterior, divulgada em junho. A pesquisa entrevistou 2.841 brasileiros, entre os dias 11 e 13 de julho, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

A reação nos levantamentos foi comemorada pelos petistas, que admitem que a crise com Trump ajudou Lula a encontrar "uma narrativa para a defesa das suas ideias”. “Essa posição política tem mobilizado a nossa militância, que tem conquistado muitas pessoas que estavam com a postura crítica em relação ao governo”, indicou o senador Humberto Costa (PT-PE). 

Analistas ouvidos pela reportagem, no entanto, avaliam com cautela esse cenário de recuperação do governo após o tarifaço. "Essa alta [de popularidade] tem que ser vista com muita cautela. Apesar desse crescimento numérico, não houve aquilo que a gente tem chamado informalmente de "efeito Canadá", fazendo referência ao que aconteceu no caso do país da América do Norte, onde o governo de esquerda foi praticamente ressuscitado pela postura hostil de Trump", explica o cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI). 

No Canadá, o ex-primeiro-ministro Justin Trudeau enfrentava uma avaliação negativa, com poucas chances de fazer seu sucessor. Após as tarifas americanas, o partido liberal ganhou força e Trudeau conseguiu fazer seu sucessor, o atual primeiro-ministro Mark Carney. 

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