sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Financiador da defesa do agressor de Bolsonaro ‘some’ e advogados podem deixar o caso


Advogado de Adélio Bispo de Oliveira revela ter recebido parte do pagamento em dinheiro vivo. Inquérito apura suspeita de participação do PCC no atentado

Oito semanas após a facada que mudou as eleições, permanece o mistério: quem financia os advogados de Adélio Bispo de Oliveira, agressor confesso de Jair Bolsonaro (PSL)? Em nova entrevista à Gazeta do Povo, o advogado Zanone Manuel de Oliveira Junior reafirma que o pagador é alguém que conheceu Adélio em uma igreja evangélica. Mas agora a pessoa deixou de manter contato.
Zanone Junior conta que recebeu parte do pagamento em dinheiro, no próprio escritório do advogado, através de um emissário enviado pelo fiador da defesa de Adélio. “Fez o pagamento, ficou devendo a outra parte e não voltou mais”, afirma. 
Perguntado se poderia deixar o caso pela falta de pagamento, o advogado diz que ainda não tem uma decisão e que, ‘por experiência própria’, o caso deve levar de seis a sete anos até chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF). 
Ele explica que a defesa fez uma série de ações que demandam custos, como o envio de um psiquiatra forense para avaliar a sanidade do investigado, visitas à Penitenciária Federal de Campo Grande, entre outras custas processuais realizadas em parceria com pelo menos cinco escritórios que atuam na defesa, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. 
O advogado afirma que o “sumiço repentino” não o surpreende: “Se for pensar, essa pessoa está certinho (sic). Imagina se alguém descobre quem é. Corre mais risco que o Adélio [que está em prisão federal]”. O advogado não revela a quantia paga e lembra que recebeu ofertas de ajuda para custear a defesa, que variam entre R$ 500 e R$ 5 mil. Ele não aceitou as doações, mas ainda não descarta a hipótese para seguir no caso: “Só não sei como isso ficaria após as eleições, se as pessoas ainda estariam dispostas”.  

Suspeitas sobre o PCC

O segundo inquérito aberto pela Polícia Federal no atentado a Bolsonaro, que prometeu uma “devassa na vida de Adélio”, foi prorrogado na última terça-feira (23) e o prazo está sendo estabelecido pela PF e Ministério Público Federal. O primeiro inquérito concluiu que o agressor agiu sozinho por motivação política. 
No pedido de prorrogação, no dia 18 de outubro, o delegado responsável pelo caso em Juiz de Fora, Rodrigo Morais Fernandes, destacou que busca “deslindar as notícias nos autos quanto ao envolvimento de Facções Criminosas, a exemplo do Primeiro Comando da Capital – PCC”. 
De acordo com reportagem da revista Crusoé, a PF investiga a possibilidade de ligação de advogados de Adélio com o PCC. A publicação cita o caso de Fernando Magalhães, que defende dois “faccionados” do PCC que cumprem pena em Contagem (MG). À revista, Magalhães disse que não advoga para o PCC, mas para “algumas pessoas que seriam relacionadas a esse grupo criminoso”.
“Agora estão atuando em várias frentes. Vendo se recebemos do PCC, do Papai Noel, do Psol, do PT”, ironiza Zanone à Gazeta do Povo. Ele descarta o envolvimento do cliente com a facção criminosa. “Na verdade eles viram que não existe teoria da conspiração. O Adélio agiu sozinho”, garante. Ele conta que chegou-se a suspeitar que US$ 1,5 milhão apreendidos pela Receita Federal com o filho do ditador da Guiné Equatorial e vice-presidente do país, Teodoro Obiang Mangue, teria relação com o financiamento da defesa. 
Ao longo desta semana, por duas vezes, a campanha de Bolsonaro pediu à PF aumento no número de agentes que fazem a segurança do presidenciável. Há temor sobre a possibilidade de um novo atentado.

“Conseguimos o queríamos”

Zanone Junior afirma que até o momento “tudo o que quis, a defesa conseguiu”. O primeiro objetivo era prender o Adélio, evitando habeas corpus que colocasse o cliente em risco, assim como transferir o caso do sistema estadual para federal. “Não podemos deixar a competência na justiça estadual. A Polícia Civil tentou montar inquérito”, diz o advogado, que conta que um promotor local foi impedido por um juiz de levar o caso a Juri. "
"Em segundo lugar, ele destaca que a defesa buscou que Adélio fosse indiciado pela Lei de Segurança Nacional. Também foi pedido exame de sanidade mental: a versão da defesa foi realizada e agora há a expectativa da realização de uma avaliação da Justiça. "

(Fonte: Gazeta do Povo)

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