domingo, 12 de abril de 2020

A PÁSCOA SEGUNDO O APÓSTOLO MATEUS (TOSTA NETO)

Sexta-feira Santa, morte de Cristo. Todos devem refletir hoje.

A palavra Páscoa remete ao hebraico antigo, do termo Pessach que significa “passagem”. Este singelo artigo realizará uma reflexão sobre a Páscoa tendo como horizonte o Evangelho segundo Mateus. Na tradição judaica, a Páscoa celebra a libertação dos hebreus do cativeiro no Egito; na tradição cristã, delineia a morte e a ressurreição de Cristo, simbolizando a passagem da morte para a vida eterna. Jesus, o Filho de Deus, representa a vitória da vida sobre a morte, logo, este triunfo é um pilar fundamental no Cristianismo. Jesus é contundente ao afirmar que sua morte é o cumprimento da vontade divina expressa nas escrituras: “Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” (Mt 26:54).
Jesus é o Próprio Deus, por conseguinte, já intuía a sua morte na sexta-feira de Páscoa. Notoriamente, no Calvário de Cristo, há um traidor, Judas Iscariotes, que em troca do perdão de dívidas, denunciara o Cordeiro de Deus às autoridades políticas e religiosas de Jerusalém. Judas foi “premiado” com 30 moedas de prata, o preço de um escravo nos primórdios da história cristã. Continuemos e ouçamos o evangelista: “E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa. E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze” (Mt 26:19-20). A Santa Ceia traz a repartição do pão que simboliza o corpo de Cristo (Eucaristia); ademais, o compartilhamento do vinho representa o sangue de Jesus, que marca a remissão dos pecados e a aliança entre Deus e a humanidade.
Judas e a multidão foram até Jesus e o levaram até o sumo sacerdote Caifás, onde os doutores da lei estavam reunidos. Nas entrelinhas dos Evangelhos, percebe-se que a mensagem de Cristo incomodara as autoridades religiosas e políticas. A nascente crença que seria um dos alicerces do mundo ocidental, impactara as religiões que dominavam o status quo. Voltemos ao Evangelho: “Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte;” (Mt 26:59).
Os doutores da lei tentavam incessantemente incriminar Jesus, até emergir a acusação de blasfêmia quando ele se autodenominou o Filho de Deus. Depois, Cristo foi levado até Pôncio Pilatos, governante da província romana da Judeia, que interrogou: “Tu és o Rei dos Judeus?”. Seguindo a tradição pascoal, cujos governantes soltavam um criminoso, Pilatos mandou chamar Barrabás. A multidão cega e ensandecida clamava por Barrabás e esbravejava contra Jesus. Pilatos lavou as mãos e proferiu a sentença: “Então soltou-lhes Barrabás e, tendo mandado açoitar Jesus, entregou-o para ser crucificado” (Mt 27:26). 
O Calvário de Cristo é a passagem religiosa mais reverenciada do Ocidente, festejada com fervor todos os anos pelos cristãos. A tradição atesta que o Filho Unigênito fora crucificado ao lado de dois ladrões, até emitir o último suspiro: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito” (Mt 27:50). A terra tremeu, as pedras estalaram e o véu do templo se rasgou em dois. O rico José de Arimatéia procurou Pilatos para pedir o corpo de Jesus; com a devida autorização do governador da Judeia, José o enterrou no túmulo que havia sido talhado na rocha, e uma grande pedra foi colocada na entrada do sepulcro sob a vigilância ininterrupta de guardas romanos. No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e Maria (mãe de Tiago e Salomé) foram ver a sepultura. Houve um forte terremoto, o anjo do Senhor desceu do céu e removeu a pedra. Perplexas, as Marias viram que o corpo de Jesus não estava lá, até que o Filho do Pai ressurgiu: “Então Jesus disse-lhes: não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galileia, e lá me verão” (Mt 28:10). Jesus vive! Jesus ressuscitou! A promessa da ressurreição no terceiro dia foi cumprida.
Conforme o anúncio do Cordeiro de Deus, os onze discípulos partiram para a Galileia. Esta cena bíblica será imprescindível nos primeiros passos da expansão do Cristianismo. Jesus apareceu aos discípulos, alguns chegaram a duvidar, não obstante, ouviram atentamente as ordens do Senhor: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Mateus é didático e claro na exposição da Paixão de Cristo, além de trazer um estilo narrativo fluido e envolvente. A ressurreição do Filho de Deus estabeleceu outro significado à morte, que para os mais céticos, era e é vista como o fim de tudo. O medo da morte fora substituído pela alegria da vida. A morte não é apenas a morte, é uma transição, o caminho para uma vida melhor. Jesus Cristo trouxe esperança à humanidade, para que a mesma enfrente o mistério da morte com fé, altivez e perseverança. A Páscoa é vida, fé e esperança, é a passagem da morte física para a eternidade espiritual ao lado do Senhor. Celebremos à Páscoa!


(Tosta Neto, 12/04/2020)

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