Ondas de rádio
procedentes de um planeta gigante gasoso situado fora do sistema solar teriam
sido detectadas pela primeira vez, destacando a presença de um campo magnético
protetor, revela um estudo.
O sinal foi
observado através do radiotelescópio europeu LOFAR, uma rede de 50.000 antenas
distribuídas por toda a Europa e que opera a baixa frequência, uma área de
energia ainda pouco explorada.
A emissão provém
de um sistema já conhecido, o Tau Bootis, situado a 50 anos-luz do sistema
solar. Contém uma estrela dupla e um exoplaneta gigante gasoso que orbita
perto: um "Júpiter quente", denominado Tau Bootis-b.
Até o momento
conheciam-se a massa e a órbita de vários exoplanetas, mas não se tinham campo
magnético. Este escudo, que protege das radiações dos ventos estelares, se
encontra ao redor da Terra e de Júpiter.
No entanto, a
emissão de rádio captada pelo LOFAR "é uma assinatura muito precisa do
campo magnético", explicou à AFP
Philippe Zarka, do Observatório de Paris, um dos principais autores do estudo
publicado esta semana na Astronomy & Astrophysics.
Estas ondas são
muito difíceis de detectar, pois os campos magnéticos costumam ser fracos e sua
fonte de emissão, distante.
A equipe
internacional de pesquisadores observou três sistemas extrassolares (Tau
Bootis, 55 Cancri e Ups), que contêm gigantes gasosos que, por estar perto de
sua estrela, são provavelmente emissores potentes.
Pegando como
modelo o sinal de rádio de Júpiter, atenuado ao máximo, a análise de uma
centenas de horas de observação apontou para a esperada assinatura de Tau
Bootis.
"Há 98% de
probabilidade de que o sinal seja confiável", comentou Philippe Zarka,
destacando que persiste uma pequena dúvida sobre a possibilidade de que o sinal
emane de sua estrela. "Para estar realmente seguros, faltaria 99,9% de
probabilidade. Será preciso continuar com as observações, o que está ao nosso
alcance", acrescentou o astrofísico.
Se for
confirmada, esta "seria uma primícia que validaria a técnica de detecção
de rádio e, portanto, um passo para a caracterização dos exoplanetas",
ressaltou o pesquisador.
Cerca de 4.000
exoplanetas foram detectados desde a descoberta do primeiro, o 51 Pegasi-b, há
25 anos.
A existência de
uma "bolha" magnética ao seu redor é um ingrediente propício ao
desenvolvimento de uma forma de vida, segundo Philippe Zarka. Mas existem
outros critérios, como a temperatura e, no caso de Tau Bootis-b, a sua seria
alta demais para abrigar vida.
(Fonte: AFP / *Edição OutroOlharInfo)
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