sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

CLIENTES DA AMERICANAS DEVEM FICAR COM MERCADO LIVRE, AMAZON, SHOPEE E OUTROS GIGANTES ONLINE

O espólio dos clientes da Americanas, que entrou com pedido recuperação judicial nesta quinta-feira (19) acumulando dívida superior a R$ 40 bilhões, deverá ser repartido entre as gigantes do comércio online: Mercado Livre, Amazon Brasil, Shopee e Magazine Luiza.

A absorção da clientela da varejista pelos concorrentes, segundo a percepção de indústrias que fornecem para Americanas e outras redes, já estaria acontecendo. De acordo com um fornecedor que não quis se identificar, o movimento ocorre por escolha do próprio consumidor, que não se sente seguro de comprar de uma empresa cujas notícias dizem que está quebrada.

Esse também o prognóstico dos analistas do Citi. Em relatório, o banco espera que a receita buta das vendas on-line (GMV, na sigla em inglês) da Magalu cresça 18%, seguido por Via (+15%) e Mercado Livre (+11%). Assim, em termos de participação de mercado, o Citi espera que, em 2023, Mercado Livre fique com 40,3%, Magalu 19,4%, Via 9,0% e outros 31,3%.

O potencial do concorrentes absorverem a fatia das Americanas no comércio online tem como referência o número de acessos do consumidor às plataformas. No último trimestre do ano passado, o Mercado Livre teve 335 milhões de acessos, em média, por mês e liderou a lista das lojas online mais procuradas pelos brasileiros. Isso é o que mostra um levantamento feito com base no ranking da consultoria Conversion, que reuniu as 30 lojas online mais acessadas no País.

Na sequência estão Amazon Brasil, com 169 milhões de acessos, Shopee (160 milhões) e Magazine Luiza (122 milhões). A Americanas ocupa o quinto lugar, com 109 milhões de acessos. Se for somada a Americanas as duas outras bandeiras de e-commerce do grupo, Submarino e Shoptime, a média de consultas mensais sobe para 138 milhões, superando o Magazine Luiza.

Concentração maior

Segundo o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, é um espólio considerável, que corresponde a quase 10% dos acessos feitos às 30 maiores companhias do e-commerce no período em análise. Ele destaca que essa é a primeira crise de uma grande varejista que acontece depois que o varejo online ganhou musculatura por causa da pandemia. “A tendência é de maior concentração no varejo online.”

Apesar da maior concentração, Bentes não aposta na elevação de preços dos produtos para o consumidor. Isso porque o comércio online é muito competitivo e uma fatia maior de mercado na mão de poucos não significa, necessariamente, pressão para elevar preços.

Também a crise na Americanas não deverá reverter, segundo o economista, a adesão às compras online. “O consumidor não vai mudar o hábito de comprar online porque a Americanas quebrou.”

*ESTADÃO

0 comments:

CURTA!