segunda-feira, 19 de junho de 2023

QUASE 200 BANCOS FECHARAM AS PORTAS NA BAHIA ATÉ MAIO DESTE ANO

Com a desculpa do avanço da tecnologia e da digitalização dos serviços, centenas de agências bancárias começaram a fechar as portas em todo o Brasil deixando milhares de clientes nas mãos.

Na tentativa de potencializar os lucros e reduzir custos fixos, ainda que o sistema bancário seja o mais lucrativo financeiramente em todo Brasil com a economia e praticamente não tenha grandes baques, diversos grandes nomes estão fechando suas portas físicas e intensificando a terceirização de suas atividades.

A questão tem sido bastante discutida por associações e sindicatos de trabalhadores de bancos em todo o país. Na Bahia, de 2019 até maio deste ano, 178 unidades bancárias fecharam as portas, colocando centenas de trabalhadores nas ruas. Somente nos cinco meses deste ano na Bahia foram 17 agências fechadas. Outro motivo apontado pela Febraban para o fechamento, pelo menos na Bahia, tem sido os ataques de bandidos às agências. 

Para o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos, a terceirização das atividades para fazer serviços bancários, a exemplo de correspondentes e agências autônomas de credito, é prejudicial não só para os trabalhadores, que acabam sendo demitidos e vendo postos reduzidos, mas também para os clientes.

“Além de reduzir postos de trabalho, empurra os clientes para o autoatendimento, fechando agências. Então é necessário que a gente cobre do sistema financeiro mais lucrativo com a economia, a responsabilidade e o compromisso com a sociedade”, explica.

Para se ter uma ideia, somente do Bradesco, seis agências foram fechadas este ano em Salvador: clientes das agências localizadas na Avenida ACM, Relógio de São Pedro, Baixa dos Sapateiros, Fazenda Grande do Retiro, Edifício Redenção e do Centro Industrial de Aratu (CIA) terão que procurar atendimento em outros locais. O grupo Bradesco, só em 2022, lucrou mais de R$20,7 bilhões, o que suscita diversos questionamentos a respeito da motivação do fechamento. 

De acordo com a Federação Nacional dos Bancos, diversos fatores teriam influenciado a digitalização dos serviços: o   isolamento por conta da pandemia da Covid19.  aumento das fintechs no mercado financeiros, as vantagens apresentadas por elas para abrir contas e adquirir cartões sem anuidade e a própria reestruturação dos bancos tradicionais.

Ano passado, o Brasil chegou a ter somente 7.216 agências, menor número registrado desde 2010. Ou seja, em 2022,  428 unidades bancárias foram encerradas, conforme pesquisa feita pelo Valor Investe com dados no Banco Central.

Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários, para solucionar o problema de fechamentos de agências que, na opinião da categoria prejudica os clientes que necessitam de atendimento presencial, os sindicatos estão cobrando que haja uma resolução do Banco Central estipulando que a cada número de clientes, o banco seja obrigado a ter um atendimento físico por região.

“Tem empresas e bancos digitais que acabam não tendo agência nenhuma e isso gera muitos questionamentos dos servidores relacionados ao serviço, como fraude, contagem, além de questões que não consegue resolver pelo aplicativo ou telefone. É preciso pelo menos algum  tipo de atendimento pessoal de acordo com o número  de clientes por carteira”, pontua.

Augusto Vasconcelos destaca, entretanto, que esta não é uma pauta fácil de enfrentar, mas lembra que a categoria está amparada pela Constituição”, Artigo 7, inciso 27, que prevê a proteção do trabalho em face da automação. Não somos contra a tecnologia porém ela tem que estar a serviço da melhoria da qualidade de vida em sociedade. Não adianta dizimar todos os empregos e não ter contrapartida de empresas que estão bilionárias. Precisa ter responsabilidade social”, afirma.

Para Vasconcelos, os bancos não podem adotar apenas a lógica do lucro. “Temos população rural, beneficiários de programas sociais, é necessário que o banco cumpra uma função social, impedindo as pessoas de passarem dificuldades. Não é todo mundo que está disposto, ou consegue, ter um aplicativo para realizar diversas funções. Muitas agências estão se recusando a prestar atendimento presencial e empurrando para aplicativos”, declara. 

*TRB

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