sábado, 16 de agosto de 2025

O NAVEGANTE DOS MARES DA INCERTEZA

O ser humano é indecifrável, logo, é uma tarefa hercúlea perscrutar o enigma que cerca a sua existência. Todo ser humano é constituído pelo extenso leque da complexidade, o que faz dele um indivíduo único no Universo. O ser humano está lançado na vastidão da vida, tal qual um navegante que não prever as inúmeras possibilidades que brotam das profundezas do oceano. Perante a grandiosidade marinha, o homem se sente na condição de um ser ínfimo, como uma gota d'água em meio a procela.

Por mais que tenhamos algumas visões idealistas sobre a vida, sabemos que ela não é constituída por um “mar de rosas”, e sempre há a possibilidade de encontrarmos correntes marítimas desfavoráveis e carência de ventos. Na metáfora da vida, o ser humano está a navegar na amplidão oceânica, cujo horizonte não traz a garantia de uma viagem tranquila e segura. O ser humano na sua nau necessita ter resiliência e coragem para lidar com as adversidades oriundas das ondas e do firmamento.

No planejamento de cada viagem ao se debruçar nas cartas náuticas, o navegador se angustia diante da ausência de previsibilidade, por outro lado, ele se consterna, pois sabe que o itinerário existencial está calcado no imprevisível. Por mais que a tecnologia tenha avançado, haja vista a presença de satélites cada vez mais precisos, o navegador jamais terá a certeza de mares serenos. No seu âmago, quiçá no âmbito do inconsciente, o marinheiro intui que nunca conseguirá antecipar o movimento das correntes marítimas que formam o oceano da vida.

No balanço ininterrupto das ondas, o navegante explora o mar na labuta em prol do peixe de cada dia, o qual, se torna abundante em períodos de calmaria; ventos favoráveis, nuvens dispersas, cruzeiro do sul explícita no dossel, fatores somados que concedem paz e tranquilidade para o navegador. Todavia, seguindo o horizonte da imprevisibilidade, as condições climáticas podem mudar repentinamente; todo pescador sabe que o mar é incontrolável e indecifrável, por conseguinte, ninguém consegue prever a direção das ondas.

Os movimentos ordenados e caóticos do mar são a própria metáfora da vida, logo, o velho navegante compreende que, principalmente, no enfrentamento dos mares revoltos, o amadurecimento espiritual é atingido de forma mais marcante. Nesta perspectiva, o marinheiro precisa ter uma postura estoica, aceitando as adversidades advindas do oceano, as quais, são imprescindíveis para torná-lo mais sábio e resiliente. Ademais, o pescador poderia cair num tédio existencial se navegasse exclusivamente nas águas serenas de uma baía. O tempo ensinou ao pescador a contingência de nunca se acomodar nos períodos marcados por ventos favônios, pois, a qualquer momento, há no horizonte a possibilidade de mudança abrupta nas condições de navegação. Enfim, admirável pescador, nos mares tranquilos se prepare para enfrentar as tempestades e após a árdua travessia, saiba que sairá mais forte e sábio para lidar com a imprevisibilidade concernente ao terrível e magnânimo oceano. Portanto, todo ser humano é o navegante dos mares da incerteza...

(Tosta Neto, 16/08/2025)

 

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