Documentos, áudios e conversas de WhatsApp reunidos pela Polícia Federal (PF), que totalizam mais de mil páginas, servem de base para as investigações que envolvem o empresário Edson Claro Medeiros Jr., ex-funcionário de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS". Ele já prestou mais de 70 horas de depoimento sobre o caso.
De acordo com Medeiros Jr., seu antigo chefe teria repassado R$ 25 milhões para Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Li da Silva. Além disso, pagaria uma espécie de mesada, ou mensalidade, no valor de 300 mil ao parente do petista. Ele entregou parte do material à Polícia Federal e detalhou como se davam os pagamentos.
As apurações sugerem que Lulinha teria sido contratado para colaborar em articulações políticas na World Cannabis, uma empresa do setor de cânabis medicinal com atuação nos Estados Unidos, em Portugal e no Brasil. A relação entre Medeiros Jr. e o Careca do INSS chegou ao fim depois da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, deflagrada em abril deste ano.
Com o fim da parceria, Medeiros Jr. relatou ter sido ameaçado de morte por Antônio Carlos Camilo Antunes durante uma reunião. Ele ainda afirma que Lulinha seria sócio oculto da World Cannabis em Portugal, embora oficialmente a empresa, registrada como Candango Consulting na cidade do Porto, pertença apenas a Antônio Carlos e seu filho Romeu Antunes.
Segundo o depoente, a finalidade real da empresa seria a plantação indoor de cânabis para fins medicinais, atividade permitida em Portugal. O projeto da World Cannabis previa a elaboração de medicamentos derivados da planta, com a intenção de fornecê-los ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, por meio de uma proposta chamada Projeto Amazônia.
Medeiros Jr. também relatou viagens realizadas por Lulinha e o Careca do INSS à Europa, incluindo uma em novembro de 2024, cujas passagens para Lisboa foram compradas por Antônio Carlos, com saída do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Nesta quinta-feira, 4, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS no Congresso Nacional rejeitou, por 19 votos a 12, a convocação de Lulinha para prestar esclarecimentos.
*Revista Oeste


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