sábado, 3 de dezembro de 2016

Teletransporte quântico alcança mais de 7 km e bate recorde

Quando o físico Albert Einstein ouviu falar pela primeira vez nos fenômenos da mecânica quântica, ele definiu o estudo das menores partículas conhecidas com o adjetivo spooky — que em português significa algo entre “assustador” e “fantasmagórico”.
Não é para menos. Um dos fenômenos mais inacreditáveis dessa área de estudo é o entrelaçamento quântico. Ele ocorre quando há uma conexão entre duas partículas que, mesmo distantes uma da outra, se influenciam mutuamente. Em outras palavras: cutuque uma partícula aqui no Brasil e sua irmã gêmea, lá no Japão, irá reagir, mesmo que não haja nenhuma forma aparente de transmissão de informação entre as duas.
Diante disso, é difícil não concordar com a afirmação "assustadora" de Einstein, mas o fato é que o entrelaçamento quântico existe, e há quem já tenha superado a parte fantasmagórica em busca de aplicações práticas para o fenômeno.
Um grupo de cientistas da Universidade de Calgary bateu um novo recorde de transmissão de informação por meio de entrelaçamento quântico — técnica chamada de teletransporte quântico — usando uma rede de fibra ótica pública já implantada na cidade de Calgary, na Austrália.
Pesquisas anteriores superaram distâncias de mais de 100 quilômetros, mas usaram laser em vez de fibra ótica para conectar dois pontos, e o que vale, neste caso, é aplicar o tecnologia que já está disponível para uso civil. A pesquisa foi publicada na Nature.
A dúvida que fica é: se a ideia do entrelaçamento é justamente que duas partículas se conectam por distâncias intermináveis sem nada visível entre elas, então por que é necessário conectar os dois pontos no espaço com algum tipo de tecnologia já conhecida, como laser ou fibra ótica?
“Nós precisamos da fibra para distribuir os fótons entrelaçados em primeiro lugar”, explicou a GALILEU Wolfang Tittel, um dos autores da pesquisa. O nascimento de um “casal” de partículas entrelaçadas não é nada delicado. “Nós atingimos um tipo de cristal especial (não-linear) com um raio laser”, explicou Tittel. “A interação no interior do cristal às vezes faz com que um fóton do pulso de luz se divida em dois novos fótons. E esses fótons estão entrelaçados.” Ou seja, as particulas nascem como gêmeos, e são separadas na maternidade para servirem às telecomunicações.
Deste ponto em diante, suas propriedades serão definidas pelas características do raio laser e do cristal que lhes deu origem, e eles passarão a agir em uníssono. “Note que as partículas entrelaçadas não permitem enviar informação mais rápido que a velocidade da luz — um erro comum em textos não científicos”, esclarece o pesquisador.
A carta na manga do entrelaçamento não é, portanto, sua velocidade, mas o fato de que se você estiver com uma partícula “em mãos” e a pessoa com quem você se comunica estiver com a outra, vocês terão uma espécie de senha secreta infalível. Em outras palavras, uma técnica de criptografia que está à prova de qualquer juíz.

(Fonte: Galileu)

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