domingo, 19 de outubro de 2025

TOTALITARISMO: DA DESUMANIZAÇÃO DO OUTRO À ANIQUILAÇÃO FÍSICA

Totalitarismo, conceito abordado com brilhantismo pela grande filósofa Hannah Arendt, na obra clássica Origens do totalitarismo. Por ser um artigo de extensão lacônica, não temos a intenção de engendrar uma reflexão filosófica e histórica sobre o totalitarismo: desejamos tão somente demonstrar a sua permanência e as devidas transmutações na contemporaneidade.

O século XX nos mostrou o quão os regimes totalitários (fascismo, socialismo e nazismo), foram experiências terríveis que aniquilaram milhões de pessoas. Apesar dos pesares, em pleno século XXI, a humanidade não aprendeu a lição e continua repetindo as mazelas de outrora. Se não bastasse o descompromisso com o aprendizado, fanáticos ainda defendem de forma fervorosa tais regimes. Notadamente, a cegueira ideológica é uma praga que está longe de ser extirpada: maldito aquele que coloca a ideologia como um paradigma ético.

O despertar do terceiro milênio não foi suficiente para apagar a chaga supracitada, pois o totalitarismo está vivo nas mentes e nos corações dos asseclas do extremismo. O modus operandi totalitário se adaptou à dinâmica das redes sociais, haja vista, a prática nociva do cancelamento àqueles que não seguem a cartilha da patrulha ideológica. Os justiceiros virtuais não aceitam o contraditório, afinal, desejam com ardor a consumação de um sistema ideológico hegemônico. Qualquer indivíduo que venha a emitir uma opinião divergente, de imediato, sofre uma saraivada de xingamentos e impropérios. Em determinados casos, por intermédio do leviatã estatal, tal antagonista tem a sua existência virtual vaporizada.

Os extremistas de plantão se autodenominam os defensores da democracia, além de ostentarem a pecha de pessoas puras e infalíveis, portanto, todos os seus atos são chancelados por uma causa nobre de matiz ideológica. A observação nos revela que estes fanáticos têm um método. Primeiramente, eles desqualificam de maneira implacável os seus opositores com uma série de adjetivos: fascistas, nazistas, machistas, racistas, burgueses etc. Esta prática tem como objetivo desumanizar o outro, tornando-o um ser desprezível e, por tabela, levando ao assassinato de sua reputação.

Consoante a perspectiva do parágrafo anterior, a humanidade do opositor é totalmente esvaziada, resultando na conversão do mesmo em uma “coisa” que não tem a mínima importância no mundo, por conseguinte, qualquer ato contra ele é considerado legítimo, inclusive o homicídio. Eis que surge a nefasta justificativa para a eliminação física: “Mas, ele era um fascista, um retrógrado, um burguês…”. Não esqueçamos do comportamento detestável de militantes de esquerda que comemoraram efusivamente nas redes sociais o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk; a propósito, com toda a hipocrisia, a militância esquerdista se arvora como paladina da pluralidade e entusiasta da tolerância, todavia, tamanha percepção só é válida entre seus pares. Enfim, nesta era relativista e ideológica, o fanatismo, a indignação seletiva, o cinismo e a inclemência superam o senso de humanidade e altruísmo, instigando-nos a concluir que não há no horizonte a possibilidade de mudança nos ventos do totalitarismo.

(Tosta Neto, 19/10/2025)

 

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