sábado, 11 de setembro de 2021

O QUE É INFLAÇÃO? (ABRAÃO BRITO)

É uma palavra muito presente na vida dos brasileiros, porém, não muito querida pois representa um grande problema. Se você assim como eu não viveu na chamada "década perdida” que foi entre os anos de 1980 e 1990, quando ocorreu uma hiperinflação de 80%, é com muito pesar que vos falo que, apesar do Real ser uma moeda mais estável que suas antecessoras, estamos presenciando um novo momento crítico.

Quem viu o surgimento do Real sabe que as coisas estão muito mais caras. Em 1994 o litro da gasolina custava apenas R$0,50, realidade muito distante da nossa. Porém, desperta um questionamento pertinente: como em 26 anos com todo o avanço tecnológico e desenvolvimento o preço ficaria mais caro? E de fato não ficou, contrariamente, ele barateou, assim como a maioria dos produtos que consumimos. Parece uma aberração esta afirmação, mas enxergamos isso se compararmos os preços com o valor da grama do ouro ou de alguma moeda estável, chegando a conclusão de que o que variou foi o Real e não o preço dos produtos. Mas como o dinheiro se desvaloriza tanto? O que causa essa desvalorização?

Para responder essas perguntas precisamos entender como o dinheiro possui valor. O dinheiro surgiu de forma espontânea; a princípio utilizavam-se pedras e metais preciosos, que, por serem escassos e possuírem grande liquidez, eram um meio de troca facilmente aceito. Com o avanço da sociedade e o advento dos bancos surgiram os recibos, vales referentes a quantia de moeda guardada. Isso se transformou no dinheiro em papel que conhecemos.

De início as cédulas de dinheiro emitidas pelo governo eram lastreadas, ou seja, limitadas pela quantidade de metais preciosos em sua reserva, não podendo ultrapassar o valor. Porém com o surgimento dos estados modernos e da moeda fiduciária, esse lastro foi abandonado e a emissão de moeda passou a ser controlada pelo próprio Estado; a certeza de que uma cédula equivalia a uma quantia de ouro não existe mais, e o valor da moeda se dá na confiança do trabalho do governo.

Os preços dos produtos estão sempre variando, principalmente os que dependem de fatores naturais como frutas e vegetais; se houver uma colheita farta o preço da mercadoria irá diminuir, porém se for exígua o preço certamente subirá, é a lei da oferta x demanda. Com o dinheiro isso não é diferente, uma moeda que possui muita quantidade em circulação ou que está sendo emitida sem nenhum lastro irá desvalorizar-se, e isso é exatamente a definição de inflação. 

O problema inicia quando o governo precisa de dinheiro, por conseguinte a forma menos prejudicial de aquisição é por meio da cobrança de impostos, porém isso causa impopularidade; o método que a maioria dos governantes adotam, inclusive no Brasil, é a inflação, emitindo moeda de forma descontrolada para financiar um Estado inchado, aumentando a quantidade de dinheiro em circulação e consequentemente reduzindo seu valor. Como ocorreu na Roma Antiga, onde o Imperador Nero reduziu o teor de prata do denário, de 98% para 93%, aumentando a quantidade de moeda produzida com o mesmo volume de prata, gerando uma terrível desvalorização do denário, impactando fortemente na economia romana.

Isso causa um desequilíbrio terrível aos consumidores, que acabam trabalhando mais e comprando menos, exatamente o que acontece em nosso país. Traduzindo, na teoria a inflação não é o aumento do preço dos produtos, ao contrário, é a desvalorização da moeda, na prática é uma forma camuflada de roubo, pois por meio da manipulação da moeda alguns ficam mais ricos e nós ficamos mais pobres.

(Abraão Brito, 11/09/2021)

@abraaobritost

 

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